sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pegue e faça economia

Pegue e faça economia
Quem encara uma chave de fenda pode ter até dois móveis em casa pelo preço de um.

Há duas maneiras de se desgastar comprando um armário novo. Uma é pagar caro e esperar muito para que a encomenda seja entregue. Outra é pegar a tarefa a unha, comprando peças para montar sozinho. Quem opta pela segunda alternativa pode economizar um bom dinheiro, além de surpreender as visitas com aquela frase cheia de orgulho: "Fui eu mesmo que fiz". Os móveis do tipo faça-você-mesmo, que o próprio consumidor se encarrega de montar, estão cada vez mais sofisticados – e já são raros os casos em que se acaba tendo na sala uma estante fora de prumo ou uma mesa manquitola. Segundo o designer de móveis Joel Abraão, de São Paulo, esse tipo de móvel traz até algumas conseqüências sentimentais. "A montagem dá prazer e cria uma espécie de relação afetiva maior com a mobília", ele diz. Peças caras, pesadas e que demandam complicada instalação por profissionais estão sendo substituídas por outras mais práticas, leves e fáceis de montar. A moda, já uma tendência mundial liderada por americanos e franceses, são as lojas do tipo pegue e faça. Nelas, é possível encontrar o armário, a estante ou o guarda-roupa que ficam prontos em poucas horas, desde que se tenha algumas ferramentas e um manual de instruções. Mais certa dose de paciência e alguma habilidade, é claro.

A primeira vantagem é o preço. Peças montáveis são até 50% mais baratas que as tradicionais. E algumas oferecem a mesma resistência e beleza de móveis que já vêm prontos. No ramo das cozinhas, boa parte das fábricas já trabalha com módulos que tanto podem ser vendidos para automontagem quanto instalados pelos profissionais da empresa. Na hora de comprar, é aconselhável testar os modelos já montados disponíveis nas lojas – balançando-os, batendo portas e gavetas – para ter uma idéia de sua durabilidade. A maioria dos produtos do tipo faça-você-mesmo vem com a furação e os encaixes já preparados. É só seguir o manual. Mas existem casos em que o folheto é pobre em explicações e mal escrito. É importante analisar, na hora da compra, se você terá condições de entendê-lo. Se ele for ruim, confira se há um telefone de atendimento ao consumidor e ligue pedindo ajuda, antes de fazer a aquisição.

O engenheiro paulista José Roberto Thomaz precisou transformar o escritório de seu apartamento em um quarto de bebê. Um armário de parede inteira, orçado com um marceneiro, custaria 3.500 reais e só seria entregue em quarenta dias. Thomaz conseguiu fazer o armário com as mesmas características em menos de quinze dias, gastando 1.200 reais. "O guarda-roupa que eu montei ficou muito melhor e mais completo que um tradicional, de fábrica", diz o engenheiro. "Temos até uma tábua de passar roupa embutida." Na montagem, não foi necessário usar martelo, pregos nem cola. Apenas parafusos e chave de fenda. Mauro Barranco, dono de uma seguradora em São Paulo, exibe orgulhoso a estrutura que montou para seu home theater. Ele mesmo mediu o espaço disponível, foi até a loja, escolheu o modelo e economizou mais de 1.000 reais. "Se eu fosse mandar fazer, gastaria cerca de 2.000 reais, mas desembolsei apenas 900", diz. Na hora de pôr mãos à obra, o marceneiro amador precisa ficar atento a alguns detalhes. O primeiro é jamais furar uma parede que possa ter canos ou fios elétricos sem saber exatamente onde estão essas armadilhas. Outro consiste em verificar os dias e os horários em que suas marteladas são toleradas pelo condomínio. O terceiro é observar se é possível colar um armário no quintal e passar depois com ele pela porta da cozinha, por exemplo. Por questão de centímetros, muita gente já teve de arrancar uma porta para levar a cama da sala para o quarto. Finalmente, não tenha pressa e não improvise ferramentas. Usar uma faca como chave de fenda estraga a faca, o parafuso, o armário e o humor da família. Confira no fichário alguns itens que podem colaborar para que tudo dê certo.

Nenhum comentário: