domingo, 21 de dezembro de 2008

Orquídeas - Origem, História e Lendas.

Referências às espécies de orquídeas somente apareceram na Era Cristã.
O primeiro livro sobre orquídeas provavelmente foi escrito em chinês, mais ou menos no ano 1000, e relacionava nome de espécies de variedades e dava instruções sobre a sua cultura mas, em escritos da literatura oriental, encontrou-se a expressão: "Ran trascala perfume dos Reis".
A palavra chinesa que significa orquídea é Ran ou Lan e ela reaparece em vários trabalhos de poetas e filósofos como o resumo de pureza, graça e fragrância.
No século XV, surgiu a imprensa e também uma longa linha de livros e folhetos relacionados às orquídeas.
Já não se via somente a inclusão das orquídeas em relações de plantas de ervas por suas supostas qualidades medicinais.
0 interesse botânico pelas orquídeas progrediu paulatinamente, tomando grande impulso e conquistando maiores conhecimentos com a invenção do microscópio com lentes acromáticas.
A partir do princípio do século XIX, o número de orquídeas introduzidas na Inglaterra cresceu gradualmente, enviadas por botânicos, viajantes ou marinheiros procedentes de lugares distantes.
Quanto mais exemplares eram vistos pelo público, a beleza e estranheza das flores criavam mais excitação, fazendo com que todos quisessem cultivar suas próprias "plantas raras e exóticas".
Assim surgiram os grandes viveiristas. Em 1853, foi descoberto que era possível fazer a hibridação das orquídeas.
Em 1856 tornou-se possível reproduzir seletivamente, pela cor, tamanho, forma e hoje já existem mais de 65 mil híbridos registrados.

Significado da Orquídea
A beleza e a elegância das orquídeas não permitem que essas flores passem despercebidas aos olhos humanos. As orquídeas constituem uma interessante família de plantas superiores que não medem luxo e exuberância em suas formas.
Graças a essas formas delicadas e às sutis nuances de cores com que se apresentam, as orquídeas adquiriram, com o passar dos séculos, uma forte conotação sexual.
A oferta de uma flor solitária, no lugar da planta viva, por exemplo, sugere intenções impublicáveis!! No entanto existem algumas indicações de cores de acordo com o sexo da pessoa. Para mulheres é preferível oferecer orquídeas bege, rosa, vinho e coral. Já para os homens o branco e o amarelo são mais indicados.

A Lenda da Orquídea
Em uma cidade chinesa existia uma jovem chamada Hoan Lan, que divertia-se em fazer penar suas paixões aos seus numerosos adoradores.
Por um sorriso, o jovem Kien Fu tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com paciência lindas peças de jade.
A ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se dele e o desprezou. Kien Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho.
O pintor Nguyen Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua amada. Esta, porém, depois de ter exibido para a satisfação de sua vaidade a magnífica pintura, desprezou o artista que desapareceu para sempre no mistério das selvas.
Mai Da, apaixonado também, quis patentear seu amor à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos anjos. A ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada mais aspirando na vida, se envenenou.
Cung Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano que foi recebida pela ingrata. O pobre endoideceu. Mas o poderoso Deus das cinco flechas, Deus que a tudo via e tudo ordenava, julgou que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel apaixonar-se pelo formoso Mun Cay.
Desde então, Hoan Lan sonhava no seu leito de nácar e sedas bordadas com seu adorado, cujo nome esvoaçava sobre seus lábios de carmin como uma borboleta sobre a rosa. Ao despertar descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas para ver passar seu querido Mun Cay, que apenas se dignava a levantar os olhos para ela. Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama de beleza que tinha ardido à sua volta.
Os dias iam passando, e Mun Cay não saía de sua indiferença cruel.
Um dia, Hoan Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão.
- "Não me interessas, rapariga" - disse ele.
- "És como todas as outras.
- Para mim não vales nada.
- Se fosses como aquela que eu amo...
- Esta sim, é uma deusa".
- Tu, mísera Hoan Lan, com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias". E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.
Em meio de seu desespero, Hoan Lan lembrou-se do Deus todo poderoso que vivia na montanha de Tan-Vien. Talvez ele pudesse lhe valer.
Apesar da noite escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua última esperança.
A entrada do templo subterrâneo era guardada por um terrível dragão.
Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos conseguiu penetrar num extenso corredor, por entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus.
Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e implorou:
"- Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun Cay que me despreza."
- "É justo o castigo" - respondeu o Deus
- "pois isso mesmo tens feito aos teus apaixonados."
" - Oh, Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede o amor de meu querido Mun Cay. Sabes bem que não posso viver sem ele".
" - Vai-te daqui" - rugiu o gênio - "nada conseguirás. 0 castigo que pesa sobre ti, foi imposto pelo Kama que tudo sabe. É justo que sofras. Sai do meu templo".
À saída, Hoan Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra.
" - Formosa jovem" - disse-Ihe a bruxa -
"sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se de Mun Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun Cay não te ame, não amará a outra mulher".
- Hoan Lan voltou à sua casa, que lhe parecia um cárcere.
Saía para os bosques a distrair sua pena, mas sempre em vão.
Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi transformado numa árvore de ébano.
Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse: - "Desta maneira o teu amado não pode ser nunca de outra mulher".
- "Bruxa infame!" - exclamou chorando, a pobre Hoan Lan - "o que fizeste a meu adorado? Devolva-mo ou mata-me". - "Contratos são contratos" - replicou a bruxa, rindo satanicamente. "Cumpri o que prometi. MunCay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher. Prometi e cumpri. A tua alma me pertence".
- Hoan Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel:
- "Perdoa-me, Mun Cay. Tem para mim uma só palavra de amor, de indulgência e compaixão. Não vês como me arrasto aos seus pés, como te abraço, como sofro?"Mas a árvore nada respondia e a jovem ali ficou por muito tempo?
Uma manhã passou por ali um gênio que se compadeceu da sua dor.
Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse: - "Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez. Procedeste muito mal. Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada e vais deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que dê a impressão do que foi a tua vida maldosa. Quem vir as tuas pétalas facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel, e a tua preocupação constante pela elegância. Concedo-te um bem: não te separarás do bem que adoras e viverás da sua seiva, parasita do teu amado". Assim falou o poderoso gênio.
E, quando falava, a túnica rósea de Hoan Lan ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás. Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica. E assim apareceu a primeira orquídea do mundo.

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