segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

207 Passion vence Voyage pelo custo-benefício

207 Passion vence Voyage pelo custo-benefício

O segmento de sedãs compactos ganhou dois novos competidores em 2008. A Volkswagen apostou no Voyage, fruto da plataforma da nova geração do Gol e que traz a herança de um nome de sucesso. A Peugeot, por sua vez, trouxe o 207 Passion, que marca a entrada da marca no segmento e completa a linha 207, agora totalmente produzida no Brasil, na fábrica do Grupo PSA Peugeot Citroën, em Porto Real (RJ).

Lançado em outubro, o sedã da Volkswagen já roda pelas ruas brasileiras com duas opções de motorização, 1.0 e 1.6, ambas com câmbio manual e três versões de acabamento. O novato 207 Passion começou a ser vendido em novembro, com motores 1.4 e 1.6, câmbio manual e automático (para os modelos 1.6) e cinco versões de acabamento. Mas antes que os iniciantes se encontrem por aí, antecipamos a disputa entre Voyage 1.6 Trend (R$ 37.980) e 207 Passion 1.6 XS (R$ 46.500).


ESTILO:
Como não poderia deixar de ser, Voyage e Passion são a 'cara' de seus irmãos. Vistos de frente, trazem corpo e alma do Novo Gol e 207 hatch. Permanecem as boas linhas de design da nova geração Volkswagen e o visual volumoso e mais agressivo do modelo franco-brasileiro. Nas laterais, os traços do Voyage são mais modernos e vão ao encontro da traseira com suavidade, dando a sensação de movimento. O Passion tem design harmonioso, mas é mais conservador. Traz frisos nas portas e as janelas traseiras não se estendem em direção ao porta-malas.
No mundo dos sedãs, a traseira é o que mais importa. O Voyage segue a identidade visual do Novo Gol, principalmente nas lanternas retangulares, com iluminação em LED, enquanto o 207 Passion herda o aspecto 'felino' do 207. O caimento da traseira do novato da Peugeot é suave, fugindo da imagem 'quadrada' do parente 307 Sedan.




O espaço do porta-malas do Voyage é maior, 480 litros, comparado aos 420 litros do 207. A haste da tampa, porém, parece roubar um pouco do espaço útil do terceiro volume. Há também a opção de abertura do porta-malas pelo acionamento na chave, sistema patenteado pela Volkswagen. O mimo está incluso num pacote de R$ 4.085, que traz, de carona, vidros e travas elétricas, chave 'canivete', não disponível no Passion, luz de leitura dianteira, alarme e ar condicionado.

E por falar em espaço interno, vamos às medidas dos recém-chegados. O Voyage tem 4,23 m de comprimento, 1,65 m de largura, 1,46 m de altura e 2,46 m de distância entreeixos, contra 4,23 m, 1,67 m, 1,45 m e 2,44 m do Passion, respectivamente. Com pequena diferença nas medidas entreeixos, ambos trazem bom espaço interno para motorista e passageiro, mas quem vai atrás viaja com as pernas bem próximas aos bancos da frente. Nos dois modelos, o banco de trás vem com dois encostos de cabeça, reguláveis, e cintos de segurança de três pontos apenas nas laterais.
Quando o assunto é requinte interno, o Passion sai na frente. O painel é mais avançado que o do Voyage, revestido em plástico de tonalidade escura que, além da boa aparência, é menos suscetível a riscos que o do modelo da Volkswagen. Os bancos esportivos, pedaleiras em alumínio e detalhes cromados nos puxadores das portas, manopla de câmbio, molduras dos difusores e painel ajudam a formar o bom conjunto visual. O porta-luvas é maior que o do Voyage, e ainda traz porta-copos, porta-caneta e porta-papéis na tampa.



O Passion pode ser equipado com rádio CD Player com leitura para MP3 (opcional de concessionária por R$ 400,00) que, acoplado ao sistema Bluetooth para ligações no celular, custa mais R$ 1.100 ao bolso do consumidor. No Voyage, o kit incluindo rádio CD Player com MP3, USB e cartão SD Card é opcional de fábrica por R$ 1.015,00.
Em geral, o acabamento de ambos é bom, mas peca em alguns detalhes. Nas versões avaliadas pelo Carsale, havia rebarbas em alguns pontos, como no porta-objetos das portas do Voyage e na moldura cromada do painel no Passion, que também deixava escapar pedacinhos de linha na costura do volante.


DESEMPENHO:
O sedã da Volkswagen é equipado com motor 1.6 de 8 válvulas, capaz de gerar 101 cavalos a 5.250 rpm quando abastecido com gasolina e 104 cavalos de potência no mesmo regime de rotação com álcool. O torque é de 15,4 kgfm e 15,6 kgfm a 2.500 rpm, respectivamente. Assim como o Novo Gol, o Voyage traz boa dirigibilidade, graças às respostas rápidas do acelerador em combinação com o câmbio justinho, que proporciona trocas de marchas rápidas e precisas.

Em testes realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), sem o ar condicionado ligado, o Voyage se mostrou econômico, principalmente com o tanque cheio de gasolina. A média foi de 16,6 km/l em estradas e 10,5 km/l em trechos urbanos. Com álcool, o consumo é mais 'moderado': 12,4 km/l em regime rodoviário e 7,8 km/l na cidade, quase a média alcançada pelo Passion, equipado com motor 1.6 de 16 válvulas, que bebe um pouco mais. Abastecido com álcool, o sedã da Peugeot alcançou 7,1 km/l em ciclo urbano e 10,6 km/l em rodoviário, já na gasolina a média foi de 9,4 km/l e 13,9 km/l, respectivamente.

O motor da Peugeot entrega 110 cavalos de potência a 5.600 rpm com gasolina e 113 com álcool, e tem torque de 14,2 kgfm (gasolina) e 15,5 kgfm (álcool) a uma rotação de 4.000 giros. Por ter 16 válvulas, o propulsor naturalmente dá ao sedã mais vocação para as retomadas, já que trabalha melhor em regimes de rotação mais elevados. É o que se comprova em números. Nos testes do Instituto Mauá, o 207 Passion movido a gasolina mostrou mais fôlego que o Voyage em terceira, quarta e quinta marcha. Com álcool, porém, só ultrapassou o rival em quarta marcha, quando foi de 80 km/h a 140 km/h em 21,88 segundos, contra 22,16 s do Voyage.

A posição de dirigir é confortável em ambos. O Passion se destaca pelos bancos esportivos, de série, que 'abraçam' o motorista, não disponíveis no quadro de opcionais do Voyage. Mas os dois dividem os mesmos problemas de ergonomia: as alavancas para o ajuste de altura do banco (de série nos dois modelos) exigem movimentos bruscos e, para baixar o banco depois, só com ajuda de terceiros. Por falar em ergonomia, os controles dos vidros e retrovisores elétricos do Passion ficam entre os bancos, seguindo a tendência francesa e dificultando a vida do condutor. No caso do Voyage, eles estão localizados na porta, mas os botões dos vidros traseiros curiosamente ficam no console central.
A visibilidade também deixa a desejar nos dois casos, exigindo que o motorista, na maioria das vezes, se afaste do banco para olhar o retrovisor antes de mudar de pista e fazer ultrapassagens. A vida a bordo é agradável, mesmo com o barulho do motor perceptível nos dois modelos, mas que não chega a incomodar.


MERCADO:
Para desequilibrar a disputa, papel e caneta. Entre os principais itens de série, Voyage 1.6 Trend e 207 Passion 1.6 XS saem de fábrica com banco do motorista com regulagem de altura, brake-light, desembaçador de vidro traseiro, direção hidráulica, limpador de pára-brisa com temporizador, porta-objetos nas portas, pára-choques na cor do veículo, pára-sóis de motorista e passageiro com espelho, tomada 12 volts e vidros verdes.
A versão avaliada do Voyage parte de R$ 37.980, enquanto o Passion 1.6 XS sai por R$ 46.500. Mas o modelo da Peugeot ainda vem com itens que são opcionais no Voyage, como retrovisores externos com regulagem elétrica, ar quente, banco traseiro bipartido, coluna da direção com regulagem de altura, computador de bordo, faróis e lanterna traseira de neblina, luz de cortesia interna, preparação para som, travas elétricas nas portas e no porta-malas, vidros elétricos, antena no teto e rodas em liga-leve de 15 polegadas.

Se equipado com todos esses itens, o Voyage se equipara ao preço do rival, ficando na casa dos R$ 46.600. Como os opcionais da Volkswagen são oferecidos em pacotes, o sedã também acaba trazendo, no 'bolo', itens exclusivos, como o acionamento do porta-malas pelo controle remoto e chave canivete. O sedã também ganha pontos ao oferecer, na lista de opcionais, itens de segurança importantes, como freios ABS e airbag duplo, por R$ 5.455.

Mas, ainda assim, o Passion oferece diversos itens não disponíveis no quadro de opcionais do Voyage, como ar condicionado com controle automático da temperatura, bancos esportivos, faróis com acendimento automático, sensor de chuva, retrovisores na cor da carroceria, grade frontal com pintura metálica, maçanetas externas na cor da carroceria, manopla de câmbio cromada, todos de série, além do sensor de estacionamento, opcional no 207 por R$ 690,00. Apesar de não oferecer freios ABS e airbag duplo na versão XS manual, uma falha da Peugeot, o 207 Passion tem esses itens como opcionais (pacote sai por R$ 5.000, com bancos de couro) na versão topo de linha, que parte de R$ 50.500 e é equipada com câmbio automático. Completo, o Voyage sai por mais de R$ 52 mil, sem opção de banco de couro e só com câmbio manual.

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